quarta-feira, 28 de julho de 2010

Medo







O medo é uma foice
a arrancar internamente nossos ramos mais verdes, 
condenando-nos à mediocridade afetiva...
mas os brotos da consciência teimam em ressurgir,
suplicando: permita-me ser!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Entrelinhas

  Devolvo a ti teu processo, 
a partir de mim, da minha leitura, do meu entendimento...
Escrever-te foi um ato de rebeldia: 
dia um, dia outro...
Um pouco esgarçado na consistência, um tanto consistente na existência.
Um mundo dentro de muitos mundos.
O impermanente em ti convivendo com a súplica da constância.
Não hei dizer que este é seu Eu falado por mim, 
pois que Um dentro de ti fala-te o tempo todo.
É o que pude ler-te nas entrelinhas, que deixas atravessar pelas muralhas em ruínas, 
que não mais sustentam o que, em ti, quer explodir.
Devolvo-te assim relido, assim rascunhado pelas minhas letras.
Uma apreensão monográfica da  desconstrução de ti.
Perdoe as palavras "mal ditas", não me agradeça as "bem ditas",
Tudo é processo, expressões de desejo...
Simplesmente Ser!!!

sábado, 24 de julho de 2010

Sê teu filho

Nunca, a alheia vontade, inda que grata, cumpras por própria. 
Manda no que fazes, nem de ti mesmo servo.
Niguém te dá quem és. 
Nada te mude.
Teu íntimo, destino involuntário, cumpre alto. 
Sê teu filho.

Fernando Pessoa

Singularidade

Opostos...
Perder-se em si mesmo,
Oscilações viciadas e desejos sufocados,
De repente não há mais o que esconder...
Permissão para ser alguém singular,
Ser humano,
Ser vivo,
Ser amado e amar!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Recomeço

Sem sentido...
de repente tudo se esvai pelas veias da indiferença.
Não o poder, não a posse, não o orgulho.
Não eu...
nada mais tem seu lugar no quebra-cabeças.
Mudaram, figura e fundo. 
O jogo é outro, as peças são outras... de que nada sei.
Deparo-me, surpresa, com algo indizível, 
sem significantes que façam a vida retomar as veias do sentimento.
E mesmo assim o soro da tristeza insiste em rolar face abaixo,
como um pedido de socorro, uma brisa de esperança...
Haverá alguém ainda lá fora?
Poderei encontrar algo além da frieza dos vagões lotados, das distâncias infinitas, dos múltiplos Narcisos???
Interlocutores da vida!!! suplico uma palavra, um olhar, um gesto...
O Outro me salvará?
O Outro habita em mim e clama por espaço!
Este Outro, algo que é um EU que ignoro, 
precisa falar ao mundo que há vida ainda,
que há amor ainda,
que há alguém por debaixo de todos os escombros do Ser.

Incompletude


Busca...


Algo é ansiosamente procurado pela alma inquieta...
Todo o ser se envolve neste desesperado gesto,
um desejo profundo de encontrar algo,
uma necessidade ainda maior de ser encontrado...
De ser alguém  na mente daquele a quem se ama incondicionalmente,
de ser encontrado pelo olhar daquele que é nossa fonte de vida.
Essa busca se perpetua vida afora...
É o desejo, limpo, alvo, claro!
O desejo que consome nossas forças até que possa ser perpetuado no gesto criativo.
Criação! ... Expressão do desejo inconsciente da completude definitiva.
Completude! ... Negação da falta que nos habita sem permissão.
Seremos incompletos eternamente, buscaremos infinitamente por nós mesmos,
e pagaremos o preço de nos tornarmos cada vez mais criativos,
para que se expresse o prazer e a dor, os dilemas e as conquistas, as angústias e a plenitude do Ser ...

segunda-feira, 19 de julho de 2010