quarta-feira, 29 de maio de 2013

Para ser gente...




Criar é a única forma de não adoecer. Pessoa pra ser gente precisa de prazeres mais autênticos, e a arte é isso, o que vem de dentro pra fora, de fora pra dentro, troca de energia vital com o mundo. O isolamento, a frustração, as aparências, a falta de paisagens interiores, a falta de maravilhamento nos adoecem, junto com a falta sistematizada do afeto. A bem da verdade, a decadência do afeto nas relações é doentia, é a grande derrocada no momento, deixando no lugar um vazio anêmico sem entrega e sem troca, sem insistência até, porque acho que a desistência é a morte.

(Célia Musilli)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Viagem...



A psiquê é um universo singular.
Um espaço de interlocução entre o sentido e o vivido, entre a fantasia e a experiência...
Sutil e delicada, esta viagem em direção ao cerne do Ser que está ali, à minha frente...
Respeito e admiração por aquele que se dispõe a empreender esta viagem...

domingo, 16 de setembro de 2012

Help me help myself


Algumas pessoas me tiram o fôlego.
Me trazem um sentir diverso.
Instigante, solúvel, impreciso...
São como ventanias intermitentes,
levantando as folhas descíduas
e a poeira que cobre o antigo móvel do desejo...
Ah, se soubessem que eu é quem sou salva
nesses breves porém precisos toques na alma...
Eu que me encontro;
  que me reconstruo no meu singular silêncio,
fibra por fibra,
haurindo, do desejo de reviver, uma nova forma,
marcada por todo sentir,
tão preciosamente ofertado ao meu coração...
Ah, se soubessem...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Jeito de amor



Sempre há jeito quando há amor... 
amor de qualquer jeito, 
amor amigo, amor amante, 
amor distante, amor presente... 
quando há amor, sempre tem jeito... 
jeito de amor!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Fragmentos






 Algo assim...
Que um dia chegou e que não se vai nunca mais...
Que se manifesta em detalhes...
Em pétalas que se soltam no ar ao sabor do vento...
Em raízes de uma árvore tão velha quanto o tempo do encontro...
Em acordes que formam as mais tocantes melodias...
Na poeira que permanece no ar,
derramando-se sobre mesas e cadeiras,
sobre lembranças e memórias...
Partículas dispersas que preenchem a casa de pedra...
Fragmentos que embaraçam a solidão...
Raízes e galhos, vento e pele...
Confiança!
Habitamo-nos mutuamente... isso é tudo!
Isso é tudo...





sábado, 21 de abril de 2012

Além das aparências...


Não posso desejar que as pessoas sejam do jeito que eu quero, pois a vida é de cada um e nada posso fazer por isso.
Mas posso encarar a todos com sinceridade e ver em cada semblante aquilo que expressam a partir de si mesmos.
Alguns, pretensiosamente, desejam esconder o que são.
Estou em busca de perceber as pessoas para além das aparências.
Aparências falam de coisas transitórias, que fundamentalmente não interessam...
O que me importa é o Ser que habita por trás das máscaras... mesmo sendo aquilo que deseja-se manter fora do alcance do mundo, o importante é ser o que verdadeiramente se É.




Mas se a aparência teimar e permanecer entre eu e o outro, melhor que se saiba que sinto a presença da máscara, e com ela não é possível se relacionar.

A máscara é a denúncia que há um abismo entre dois seres e que somente  tornará a haver relação quando houver confiança para compartilhar o mundo interno com aqueles que estão no mundo real.


**********

terça-feira, 3 de abril de 2012

Pontuando minha vida

 
Quero
Vírgulas para continuar
Exclamações para surpreender
Aspas para incluir
Interrogações para aprender
Ponto e vírgulas para transformar
Dois pontos para explorar
Pontos finais para novos rumos
Reticências para sonhar...

sábado, 31 de março de 2012

Assuesce unus esse

Aquilo que sempre retorna...

pulsação
desejo 
loucura
sinceridade
saber
inconsistência
fragilidade
dúvida
sutileza
inconsciência
poder
impotência
tolerância
rigidez
ignorância
incerteza
flexibilidade
intuição
sabedoria
amor...

o outono...
uma lágrima...

Isso, que sempre retorna, aniversariando em mim, 
contém, em si, um universo infinito,
que me ensina a ser uma só!

****#****

Origem da palavra aniversário = annus vertere, aquilo que sempre volta...
(Citação de Santo Agostinho) Assuesce unus esse = Acostuma-te a ser um só.

sábado, 3 de março de 2012

Universo Particular



      
      Na sua ausência, reflito.
      Observo-o nas entrelinhas de si mesmo, busco decifrá-lo.
      Mas como? Se quando se faz presente, esvai-se indisfarçavelmente?
      Para proteger-se, cria um outro de si mesmo, que pode ser desgastado pelo atrito das coisas da vida...    mas é só isso... atrito, fagulhas...
      Pretende que nada lhe atinja... por isso está ausente, escondido, se protegendo e se defendendo desse mundo...  
      Acredita ilusoriamente que é o outro que ergue as barreiras, mas o que dizer desse encapsulamento em "verdades acabadas"? 
      Qual paredes do quarto da infância para onde se vai quando o mundo torna-se ameaçador...
      Culpará o Outro de não lhe compreender as razões e os motivos...
      O preço?  
      Solidão, ainda que camuflada...
      Solitude corrosiva, que fere a si mesmo, na ilusão de que fere ao Outro... 
      Até onde o isolamento?
      Qual o limite da sua solidão?
...
      Sei que existe alguém por detrás desses fogos de artifício.
      Sinto esse Ser incipiente, que aguarda...
      Aguarda a oportunidade de misturar-se ao caldo humano, intenso, borbulhante, transformador, em trocas infinitas,  imponderáveis, incontroláveis, 
      Aguarda o tempo de renunciar ao medo (disfarçado em intelorância) daquilo que difere de você...
      Não há nada que possa ameaçar-nos tanto quanto aquilo que desconhecemos em nós mesmos.
      Tudo somos nós mesmos, ao avesso!
      Existe um universo particular a espera do seu toque, do seu gesto, do seu olhar...
...
      Eu, imperfeita e incompleta, mas suficientemente presente, emprestarei minha interioridade para que faça esse caminho novo. Estou aqui!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Onde estás?


Meus olhares evita.
Porque, quando olho em seus olhos, é a ti que procuro. Esse ser de dentro, essencial.
Meus olhares evita.
Pois ausente de ti mesmo estás... Como haveria de se presentificar a mim?
Meus olhares evita.
Pois tens medo...  Medo do caos, da queda no abismo indefínível do desencontro.
Meus olhares evita
Pois se permitisses, haveria de estar ali, diante de mim.
Meus olhares evita
Pois teme encontrar-me aí, dentro de ti!
Teme encontrar-se aí, em ti mesmo!





quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A Era do Ser

 
Passamos muito tempo investindo em coisas exteriores, do mundo material. 
O Poder, a Segurança e o Prazer foram nortes que nos direcionaram por muito tempo. 
Esquecemos do Ser que nos faz ser... 
Uma nova ética se coloca nos tempos atuais. 
O investimento a ser realizado é no mundo da subjetividade, da alma, da ética, da consciência e da essência. 
O Ser Humano é a maior descoberta do terceiro milênio!

domingo, 9 de outubro de 2011

Livre pouso...



Sinceridade estampada, riso solto, pés descalços, mente aberta... 
Braços despretenciosamente largados ao lado dos olhares e das defesas...
Máscaras descansando sobre o criado mudo...
Hoje cada um é de si mesmo, com a súbita autorização de não ter que ser nada, e só Ser.
Ahh, saudade deste hoje!
Alimento a esperança de que o sonho me arrebate a eternizar este momento, no ir e vir de todo dia...
Mesmo que amanhã um Outro em mim aconteça, terei sempre essa presença do hoje, 
onde razão e emoção conviveram sem cobranças nem preconceitos.
Mesmo que as máscaras acordem no momento do despertar matutino saberei, dos olhos de cada um, que o sonho da liberdade habita por detrás da alegoria, sussurando à minha alma: seja você mesmo!


***




Eis o Ser...


A vida da gente é assim... nasce tudo desalojado do si mesmo.
Tudo apartado pelas simples circunstâncias do começar a existir...
O coador numa gaveta,
a chaleira no fogão,
o grão torrado e moído na dispensa,
o açúcar no pote sobre o balcão,
o bule na mesa,
a água na botica,
a xícara vazia...
Tudo existe; mas um não supõe a existência do outro, nem sequer imagina...
Foi preciso que um alguém desejasse que a alquimia se fizesse.
E prá tanto é necessário que cada elemento use, de si mesmo, sua melhor virtude, ao mesmo tempo impingindo-lhe, como tributo, a transformação profunda, a ponto de deixa-se usar exatamente aí onde se percebe melhor...
A chaleira deve abrigar a água, mas serão aquecidos a altas temperaturas.
O coador límpido será manchado pelo pó escuro e aromático, e ambos serão inundados pela água fervente.
No bule, o doce e alvo açúcar recebe sobre si o líquido fervente e negro... E o que temos?
O aroma! Primeira notícia de que algo além da mecânica visível se processou. Há algo no ar, que não pode ser tocado; somente sentido...
Nada mais é como antes... tudo está misturado, transmutado, marcado pela experiência. Só assim se sabe da completude de si.
Cada elemento com aquilo que lhe é próprio - nem bom, nem ruim, apenas a singularidade e suas marcas...
Então... o sabor! Ensina que o que se carrega em si, atravessado pela essência de cada elemento, possibilita tornarmo-nos mais que a soma das partes...
Voilà!
Eis o Ser!

sábado, 8 de outubro de 2011

Sabor de fruta mordida...






Reconheço um "Eu" dividido. 
Por necessidade de sobrevivência, para continuar desejando...

Vou me esgarçando pelo atrito constante 
entre um mundo impermeabilizado na frieza do concreto racional, que me constrange,
e o exercitar a plenitude do sentir...
Um cansaço oceânico invade a vida 
quando me limito ao ir e vir nas ruas tomadas por penumbra cinza-azulada...

Preciso de algo mais, algo melhor, algo que supere tal cisão!

Exercitar as fibras da sensibilidade, fortalecer o tônus emocional,
 não o ranger de dentes, mas avançar sobre a vida,
não a contenção, mas criar o gesto e a atitude.

Intensidade!
Pulsação!
Movimento!
Plenitude!

"todo amor que houver nessa vida"


(Incidência - Todo amor que houver nessa vida - Cazuza)


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Desejo de Mar...


Habita em mim um desejo de mar, 
de um pouco de onda e sal,
do marulho, da brisa serena,
do ritmo incansável,
da imensidão, 
do mistério oceânico fora e dentro de mim...

*****
***

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Maravilhosa insignificância!

 

Não me julguem os que me vêem, assim, tão de relance, ao contato insípido e superficial...
Não há nada em mim que sirva a quem, de mim, espere algo que não seja minha própria humanidade.
Conheço bem minhas torpezas, aquilo que faz minha boca se retorcer...
O que faz meus olhos se fecharem, meu corpo estremecer...
O que me faz dissimular os medos e ódios temporários...
O que arranca de mim as lágrimas e os risos mais genuínos!
Não... não sou exemplo de nada.
Sou somente um lampejo de realizações.


Por vezes, no delírio onipotente de que "o Mundo sou eu". Mas a vida me reconduz, em mãos generosas, à minha maravilhosa insignificância!
Esperam de mim algo que não seja eu, reconheço. Ahhh, estrada insensata e precária, donde fujo!!!
Não me quero uma cópia infiel e rasgada de um Outro que deseja me moldar... Não!
Preciso criar os acertos em meus erros.
Viver num mundo onde ninguém é perfeito e nada está acabado.
Compartilhar meus sonhos, meus desejos, minhas dúvidas e incertezas com outros Outros, tão diferentes de mim...
E encontrar a singular solitude dos caminhos de Ser Uma e tão somente Eu.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Novo amanhecer

Menina mineira,


sentimento na pele, nos olhos, nas mãos, no sorriso...
Expressões de vida pulsando,
não sem medos, não sem ressalvas...
Tantos entremeios dão novos e diversos coloridos à vida,
vão mostrando ao mundo a riqueza que há em você e que não cessa de brotar...
Você, assim : uma usina de força!
Movimento, ação, criação...
As vezes turbilhão, vórtice de energia...
As vezes fonte, jorrando sensibilidade...
Com certeza ama... de corpo e alma,
E também sofre,
e também vibra,
e também chora...
mas por certo vive, intensamente,
e por vezes foge,
só para despistar a trilha do sofrer...
Você assim, tão criança, tão mulher,
brincando de viver, 
despertando a cada dia,
e todo dia, 
a amanhecer de alma nova...

***

sábado, 28 de maio de 2011

Continuidade...

Retorna a ti mesmo, repetindo-se;  
retorna a mim, procurando a si mesmo...
Tua vulnerabilidade te alucina, te confunde,
fruto de sensações imperiosas, reeditadas em novas roupagens.
Precisa do outro, mas quanto medo te consome...
Exala pelos poros o suor da luta,
num ímpeto de se afastar de si mesmo, para não reviver ao caos...
Transmite no olhar a necessidade de um amor fundante,
para criar um mundo possível ...
Não precisa mais correr!
Estarei aqui visceralmente presente, disponível...
Sobrevivendo, terna e afetivamente, a tudo que vier,
para que possa Ser!


sexta-feira, 18 de março de 2011

Desapego




Cada um de nós é um universo, em constante transformação...
Apegar-se a coisas e pessoas vai diametralmente contra o movimento universal
de renovação e criação contínuas.
Se você está deixando o tempo passar sem vivê-lo,
sem transformar a você mesmo e ao mundo que o cerca,
desenvolverá cada vez mais o desejo de reter as coisas
e as pessoas que por você passarem,
na tentativa de manter tudo estático, do modo como está hoje,
temendo um futuro incerto, ausentando-se da construção do próprio presente...
Porém, se você vive seu tempo intensa e plenamente, se você aceita as mutações e singularidades,
se mostra o que tem dentro si para o mundo,
pode deixar as coisas passarem, irem embora, pode experienciar verdadeiramente as situações,
explorar suas possibilidades de ação, criar constantemente o novo,
desapegar-se...
amar a liberdade e ser livre!


***